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Mostrando postagens de junho, 2006

A Copa e o Brasil monoglota

Um dos temas que me desperta interesse permanente é a nossa presença consciente no mundo, no que as pessoas chamavam antigamente de “concerto das nações”. Que papel desempenhamos na aldeia global? Só é possível conhecer-se na comparação com o outro. Só conheceremos nossa verdadeira importância interagindo com outros povos, para, enfim, nos libertarmos do “complexo de vira-lata”, na famosa expressão de Nelson Rodrigues. Observe-se só, agora, em tempo de Copa, o quanto nos sentimos melhor: passamos a existir, nos percebemos, de certa forma, no mesmo nível de qualquer outra nação. Não há uma renovação de ânimos, de aumento da auto-estima nacional e a sensação que podemos tudo o que podem os povos mais desenvolvidos? E, conhecendo-se outros países, fica evidente que somos “parte do time” em muitos outros campeonatos, além do de futebol. Aumentemos, então, nosso contato com o resto do mundo. Isso, obviamente, pressupõe uma forma de comunicação, uma língua que ultrapasse as fronteiras. Tant

Efeito Filipão - vídeo da narração

Se você me der a honra, visite este link http://www.vimeo.com/clip:82493 que contém um videozinho com a narração do post abaixo. Cordiais saudações.

Efeito Filipão

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PORTUGAL - Algumas coisas são universais. O salão de barbeiro, por exemplo. Acabo de vir de um e adivinha do que falávamos? Do “mundial” de futebol, naturalmente. Para variar, eu, ruim de análise das táticas e estratégias futebolísticas (prometi a mim mesmo procurar uns bons textos sobre o assunto na internet – vou virar “espectador participativo”, me aguardem), passei a comentar os modos e costumes - também para variar. O barbeiro falava entusiasmado do que o Filipão trouxe para eles no Euro 2004: o costume de colocar bandeiras portuguesas nas janelas. Numa tirada filosófica, me contou: “Não tínhamos isso. Antes, o que a gente sentia ficava guardado, para dentro, ninguém sabia. Agora, graças ao Filipão, a gente pode expressare o que sente, o senhor está a me entendere?” E falou do que também vem me surpreendendo: a imensa quantidade de bandeiras brasileiras junto das bandeiras portuguesas. Não há, literalmente, um quarteirão em que as nossas bandeiras não estejam em par com o pavilhã

Código da Vinci - a farsa (lucrativa)

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PORTUGAL - É um sucesso internacional o livro “O Código da Vinci”, do inglês Dan Brown: 40 milhões de exemplares vendidos e certamente outros tantos milhões de espectadores da versão para o cinema. Mas se trata de uma farsa. O que escrevo a seguir baseia-se, em parte, na carta pastoral do Arcebispo de Pamplona, D. Fernando Aguilar (veja a carta na íntegra abaixo). Como diria o Pe. Quevedo, o livro “é uma salada indigesta”. Mentindo, sem ficar vermelho, Brown afirma que “todas as descrições de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos nesta novela são fidedignos”. Misturando, sem nenhum pudor, fatos históricos com invencionices, pretende nada menos que apresentar a “verdadeira” história depois de Cristo. A fórmula encontrada para tanto é a seguinte: Cristo não seria Deus, mas um homem comum, casado com Maria Madalena, com teve vários filhos, e com ela representaria a dualidade masculino-feminina (como Marte e Atenas, Ísis e Osíris). Seus descendentes, fundadores da dinastia Mero

Código da Vinci: Carta Pastoral de D. Aguilar, Arcebispo de Pamplona, Espanha

"GRANDE NEGÓCIO, GRANDE FARSA Pode parecer duro demais, mas me parece rigorosamente exato. Primeiro foi o livro com seus 40 milhões de exemplares vendidos. Agora será o filme com não sabemos quantos expectadores. Detrás de tudo, um produto literalmente modesto e cientificamente nulo, apoiado em uma grande montagem propagandista. Falo de O Código da Vinci. Como vocês vêem. Contudo, fica por explicar o por que desse êxito. Grande parte do êxito se deverá ao lançamento, sem dúvida, que foi multimilionário. Mas há razões mais profundas. Dan Brown utiliza a força que tem a pessoa de Jesus Cristo na consciência de milhões de pessoas, inclusive além das fronteiras da Igreja, para aproveitá-la em favor de sua obra e de seu negócio. Constrói uma novela meio policial, meio ficção, com aparência de investigação histórica. Ao longo do escrito, acusa a Igreja de ter manipulado a história de Jesus em favor de seu próprio interesse. Quando é ele quem faz exatamente isso. Se essa obra se tivesse

Alemanha preocupada com a perda dos valores morais

O medo de ser tachado de moralista, fariseu, ou atrasado, normalmente inibe as pessoas tidas como instruídas de tocar em temas fundamentais: os costumes sociais e a formação religiosa. Mas, ultimamente, vê-se, cada vez com maior frequência, manifestações de líderes políticos referindo-se ao assunto. Desde o surpreendente “homem de esquerda do PFL”, Claudio Lembo (honra seja feita: ainda que tardiamente ele teve a dignidade de se manifestar), até aqui na Europa, como, por exemplo, a primeira-ministra alemã, Angela Merkel. O governo Merkel está lançando uma ampla ofensiva na área educacional, chamada “Aliança para a Educação”, pois considera que o ensino público perdeu a capacidade de incutir nas novas gerações os “valores indispensáveis à vida pessoal e em comunidade”. A iniciativa inclui a participação da Igreja Católica e da Igreja Evangélica. Conforme bem analisou o Bispo de Aveiro, “dificilmente se podem adquirir valores consistentes na educação à margem dos valores religiosos, e se

Eleições presidenciais de Portugal

Um videozinho de fato, sobre as eleições presidenciais portuguesas, está aqui: http://www.vimeo.com/clip:41806 Coitado, tinha me esquecido dele! E não está tão mal!.

Aprendiz de videomaker

Não é nenhuma obra de Erico Dias, mas foi a solução que encontrei para publicar no vimeo.com um post que fiz rádio (ou seja, queria publicar num único site vídeos e sons). São uns programinhas que estou produzindo para rádios no Vale do Paraíba e que são uma outra forma de relatar minhas experiências aqui. Pretende produzir filminhos também, mas, para tanto, preciso primeiro juntar grana para a câmara! Se me dá a honra, confira: http://www.vimeo.com/clip:78487

Brasil x Portugal - post scriptum

Por imensa coincidência logo após eu postar o artigo abaixo, foi postado na comunidade "Brasileiros em Portugal", do Orkut, um videozinho da prestigiosa Anistia Internacional. Confira: . http://www.youtube.com/watch?v=J-xJmCQJ370 Peço que não leia os comentários que faço a seguir sem ver o vídeo, para não influenciar sua percepção. Cordiais saudações republicanas. Observou a caracterização do protagonista? Simpático com o vendedor de revista, com o velhinho, com o cachorro! Mas intolerante com o "preto". Veja o olhar de constrangimento e humilhação do "preto" e o modo das pessoas, que olham meio-contrangidas, mas que não falam nada. Vivencie o mal-estar que dá ouvir esse tom ríspido que já encontramos tantas vezes, e que choca profundamente os brasileiros.

Brasil x Portugal: simpatias e tensões

( joffreneto@joffreneto.com.br ) O assunto é delicado, exige aprofundamento, e por isso vou abordá-lo mais vezes. Como sempre, as primeiras observações sempre tem um pouco de provisórias e podem ser revistas, mas, depois desses meses aqui em terras lusas, já é possível apresentar algumas impressões que provavelmente serão confirmadas no futuro. Normalmente não pensamos em Portugal como um país estrangeiro, muito menos o são para nós os portugueses. Portugal é o país de nossos bisavós, avós ou pais. De outro lado, raro são os portugueses que não têm um parente no Brasil, ou, no mínimo, não sonham em ir para lá gozar as férias ou mesmo morar na aposentadoria. Nossa música, nossas telenovelas e nossos assuntos são quase onipresentes. Nossa relação com os portugueses é afetiva-brincalhona, satírica até - em decorrência do espírito gozador brasileiro e da lógica peculiar deles e não, como reza o mito compensatório, da reciprocidade vinda das piadas que eles (não) contam de nós – mas nunca d