A HUMILHANTE DERROTA - MAS VALE A PENA REFLETIR



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Há muitos anos um professor na EFEI - Escola Federal de Engenharia de Itajubá, o Buguru, descreveu-me dois tipos de profissionais: um, é o que cresce devagar, mas sustentavelmente: como um pedreiro cuidadoso, ele coloca, solidamente, tijolo por tijolo, e faz fiada por fiada, na construção de uma base para alcançar uma meta lá no alto. Leva tempo, mas, se persistir, vai alcançá-la, sem susto.

E há o outro, que pode chegar à frente do primeiro e ainda com muito menos esforço: ao invés de assentar tijolo por tijolo, coloca um pé numa pedra aqui, outro acolá, dependura-se num ramo de árvore próximo, balança-se, projeta-se para cima e, num último esforço, estende o braço e toca a meta. De lá, olha para baixo e ri-se do outro, para ele, “bobo”.

Bem, é o que se chama de esperto. Mas uma hora a esperteza pode não dar certo: a sorte, sempre incerta e não edificável, acaba e, ao invés de conseguir dependurar-se, ou quando tentar apoiar o pé numa rocha, pode escorregar e esborrachar-se no chão.

Será que - sem complexo de vira-lata - não aconteceu isso com nossa seleção, em contraste com a seleção alemã?

A sequência de nossos resultados contra Croácia, Camarões, Chile e Colômbia, foram frutos de superioridade mesmo ou lances de sorte como, por exemplo, quando escapamos da eliminação pelo Chile, nas oitavas de final, porque a bola lançada por Pinilla acertou a trave, deixando-os “a um centímetro da glória”?

Será que não nos deixamos, como de costume e por falta de base sólida, nos inflar de uma crença cega, do tipo “sou brasileiro e não desisto nunca” ou “o campeão voltou”, ou ainda, “o gigante acordou”?

Digo “crença cega” para distinguir da “crença inabalável”: esta vê o perigo, reconhece as próprias fraquezas, o tamanho da adversidade, mas, a despeito de tudo, de olhos abertos, abre o peito e avança. A primeira, não, vê apenas a própria força, real ou ilusória, baseada em sucessos que a fortuna, incerta, repito, lhe proporcionou no passado. Não vê o perigo, ignora as tormentas e ... pode acabar naufragando.

Hora de refletir. O futebol, para nós (e não só para nós!) tem dimensão muito maior que um mero esporte, um mero jogo.

Em todo caso, avante Brasil! - porque amanhã a vida continua.


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