COMO SUFOCAR UM CONSELHO

Encerramos com este artigo a série sobre a farsa da eleição do Conselho Municipal de Saúde.

Para quem chega agora, trata-se do esquema montado por Peixoto, o Probo, Pedro Henrique, o Correto, e Jacir Cunha, o Vassalo Alegre (vide dicionário para não pensar que é ofensa) para imporem à sociedade a eleição do Pai Alessandro, presidente da Associação dos Templos de Umbanda e Candomblé de Taubaté, como presidente do Conselho.

Além da baixaria, da ilegalidade e do lambe-botismo de pelegos e apaniguados assanhados, desonrando o diploma de médico ou não, a “eleição” de Pai Alessandro se deu por dois grandes fatores: 1. A visão do que é um Conselho de Saúde; 2. O temor de represálias.

Quanto à visão, um conselho, por lei, existe para, principalmente, fiscalizar os atos do Prefeito Municipal e estabelecer diretrizes na sua área. Assim o Conselho de Saúde, pode e deve denunciar as condições horripilantes dos serviços prestados, os desvios em compras e a incompetência criminosa, que levou, por exemplo, a perdermos o Ambulatório Médico de Especialidades e a devolver dinheiro destinado à reforma de Postos de Saúde.

Mas há outros que pensam que o Conselho existe para fazer assistencialismo, como declarou, sem nenhuma vergonha, o Pai Alessandro. Funciona assim: o Prefeito precisa do Conselho para aprovar suas contas na área de saúde, sem abrir o bico. O Conselho aprova e, em troca, certos Conselheiros (principalmente felinos candidatinhos a vereador) ganham acesso à marcação de consultas, exames e cirurgias. As “portas” se abrem. Ora, essas são as portas da corrupção, da ilegalidade e do crime, que pode custar a vida de quem teve seu lugar passado para trás numa marcação de cirurgia que tarda anos. E o safado que fizer isso ainda se gaba do “bom-coração” que tem.

Já o temor de represálias é doença endêmica da nossa administração municipal, indo da Prefeitura, à Unitau, chegando ao domínio do Coronel Isnard, o Competente, que comanda o Hospital Universitário, que ora vai ao naufrágio.

Assim, os servidores que podiam, direta ou indiretamente, ser prejudicados por terem votado contra o Pai Alessandro, se apavoraram, porque a ameaça chegou a ser de demissão. Tinham porque temer? Tinham, porque mesmo uma demissão ilegal (que seria o caso), para ser revertida na Justiça pode levar anos, ou mesmo décadas, e as pessoas precisam sustentar suas famílias.

O curioso é que Pedro Henrique da Silveira, o Correto, teve formação na esquerda, na batalha contra bandidos da saúde, e além disso era palestrante e testemunhava em encontros de casais da Igreja. Pois é: ninguém mais direitista do que um esquerdista, com frio na barriga, no poder. Que falta fazem as aulas de ética e moral no nosso sistema escolar.

Joffre Neto é Conselheiro Municipal de Saúde.

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