Alto-Comissário para os Imigrantes e Minorias Étnicas


Na semana passada houve um encontro no Centro Universitário de Fé e Cultura, da Diocese de Aveiro, com Rui Marques, Alto-Comissário para os Imigrantes e Minorias Étnicas.

Falando com grande simpatia, numa linguagem que transparecia fé religiosa, o Alto-Comissário, ligado diretamente ao Gabinete do Primeiro-Ministro, discorreu sobre a recente onda de violência em França, protagonizada por jovens de 12 (crianças) a 20 anos, filhos de imigrantes.

Foi corajoso em afirmar que a "Europa precisa ficar mais pobre para diminuir a pobreza dos povos vizinhos". Disse que, em sua opinião, o melhor modelo de imigração é o intra-comunidade européia, de livre circulação de pessoas, bens e valores. E o pior? "O pior é modelo europeu para o resto do mundo. Uma Europa-fortaleza não vai subsistir por muito tempo". Uma fortaleza rica cercada de pobres forçosamente tende a sucumbir.

Mas declarou que é movido pela esperança, fundamentada na própria realidade da Comunidade Européia, cujas sementes foram lançadas quando as cicatrizes da Segunda Guerra ainda estavam abertas, justamente por dois representantes de inimigos mortais: franceses e alemães. Do lado francês Schuman, Ministro do Exterior, e do lado alemão, Adenauer, Chanceler, que assinaram em 1951 o tratado da Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA), considerado a "célula mater da Comunidade Européia atual".

Também participaram do acordo Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. "Foi a primeira vez em que países europeus transferiram direitos nacionais de soberania a um órgão com alcance e competências além de suas fronteiras". Um acordo celebrado entre ex-inimigos, que, de forma absolutamente imprevisível, há não ser no horizonte da esperança, substituiram o recurso à guerra pelo entendimento.

Não se furtou nem mesmo a responder-me sobre o escândalo, que os jornais aqui noticiaram fartamente, da detenção ilegal e em condições sub-humanas, de imigrantes no Aeroporto Sá Carneiro, da cidade do Porto. Entre eles, duas moças brasileiras. Falarei disso em outro post, mais adiante.

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