Engenheiro na cozinha

Resolvi, com a ajuda da alta do euro, corrigir uma lacuna na minha formação: aprender a cozinhar alguma gororoba. Dos tempos de engenharia, éramos especialistas em leite em pó e café solúvel - começo importante, mas claramente insuficiente para vôos mais altos.

Apoiado na consultoria intercontinental do meu amigo Gallão, da Sula, sua esposa, da Héllade, da Liana, da minha mãe e de minha irmã, me arrisquei em duas frentes: arroz e macarrão.

Para começar, uma surpresa: não há manuais de procedimento para enfrentar a cozinha básica, salvo os tais livros de receitas, mas que consideram, pelo jeito, que todos já são iniciados.

A bem da verdade, o macarrão italiano tinha instruções detalhadas na embalagem: para cada 100g, 8g de sal e um litro d´água, e “ferver por 8 min, mexendo de vez em quando”.

Mas e agora, como tomar as medidas? A embalagem era de 500g; 8g de sal, só com balança de precisão. Bom, aí quem não é especialista tem que se socorrer do que sabe. Afinal, anos de engenharia devem servir para alguma coisa.

Fiz assim: parti o macarrão ao meio em duas vezes sucessivas. Pronto: 125g disponíveis (alguma imprecisão seria inevitável). Para a água, me socorri de um copo de cerveja que tinha uma marquinha de 250ml (bendito fabricante, que já deve ter passado por isso). E o sal, repito, como medir 8g?

“Ô pá, quando não se encontra a saída, que tal sair pela entrada?”, diria um local. Ou seja, seja criativo, olhe em volta. Foi o que fiz: encontrei um saquinho de açúcar, desses de bar, e que, milagrosamente, era de 8g! Adotei que o peso específico do sal era equivalente ao do açúcar, medi quantos colherinhas dava e descobri que cada uma comporta 2g de sal! Pronto, resolvido.

Para medir o tempo certo, resgatei um reloginho de cozinha que estava em “desvio de função”, pois usava-o para controlar meu tempo de estudo (a cada 50 minutos de estudo, 10 de descanso, para “etiquetar as idéias”).

Com todo esse aparato, não é que deu certo? O único detalhe é que eu não sabia que a massa de tomate não podia ser colocada crua diretamente sobre a massa. Mas, o que a mente não sabe, não traz consequência.
Agora, o arroz, está resistindo: insiste em queimar no fundo da panela.

Para finalizar, uma mea culpa: interessante como as coisas mudam conforme a perspectiva. Fiquei imediatamente solidário com as mães, esposas e irmãs.

PS: Se você quiser ver o estilo do mestre-cuca em ação, devidamente paramentado, clique aqui http://www.vimeo.com/clip:76682

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Comentários

Anônimo disse…
Pois é Joffre! Que aventura!!!
Como é que pode partir o macarrão assim?! Se um(a) italiano(a) visse isso...ai, ai, ai! Não iria prestar. E o molho?!?!
Procure comprar aqueles livros de receita. Acho que vai ser menos desastroso.
Abraços,
Daniela
PS.:"É que eu tenho a chave!"

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