ARE BABA! CONCURSO PARA ASSISTENTE SOCIAL


Continuaria hoje com o terceiro artigo sobre o controle da Prefeitura pela Câmara, mas fica para a semana que vem. Tem assunto de momento que precisa ser considerado. Trata-se do recente concurso da Prefeitura, saído a fórceps depois da forte pressão (ma non troppo) do Ministério Público sobre o prefeito bi-cassado.

O concurso foi para vários cargos, entre eles o de assistente social. Dados os precedentes no Reino da Dinamarca, desde a época de uma senhora Mércia, temia-se que os contratados irregularmente já tivessem lugar garantido e que muitos inscritos seriam ingênuos figurantes. Felizmente, parece que não. Das 14 assistentes sociais que estavam na Prefeitura apenas duas passaram na primeira fase.

O problema, desta vez, se referiu à própria prova, realizada pela EPTS, vinculada à Unitau. A empresa tem bons serviços prestados, mas escorregou nesta.

As questões não eram para selecionar um profissional, mas sim um acadêmico. O autor/a das questões tinha todos os sintomas de um recém titulado, que acabou de entregar sua tese e, até por sestro, a cada meia frase cita um ou mais autores. A necessidade de fundamentar cada argumento leva, no extremo, à abdicação da opinião própria. Foi dose de leão. O dito/a citou, em 50 questões, nada menos que 34 autores!

Completava a tortura a diagramação horrorosa, primária, do caderno de questões, com linhas justapostas, sem usar o recurso de uma mísera tabulação. Não perdia em nada para as pranchas formadas por um mar de letras dos jurássicos jornais tipográficos. O infeliz desempregado, com o estômago debilitado pela tensão, tinha ânsia de vômito só de tentar ler o emaranhado.

E o que era perguntado? Sólidas questões relacionadas com o dia-a-dia do profissional que irá se dedicar à promoção social dos taubateanos mais carentes? Não. Veja, por exemplo, questão 54, quando o concursando já estava começando a babar, depois de ter arrancado mechas de cabelo:

“SEVERINO (1989), ao discutir a questão da prática indisciplinar afirma que ela ‘não opera um eliminação das diferenças: tanto quanto na vida em geral, reconhece as diferenças e as especificidades, convive com elas, sabendo, contudo, que elas se reencontram e se complementam, contraditória e dialeticamente”. A partir dessa (sic) afirmativa, é incorreto afirmar que nos SUAS Assistentes Sociais e Psicólogos devem: ...”. Are baba! Madame Natasha, a defensora do idioma, acha que o sábio quis dizer: “é preciso saber lidar com a diferença”.

O candidato com maior pontuação alcançou apenas 70% de acerto e a média geral foi de 41%. Resultado: além da tortura mensal dos candidatos, pode-se ter desperdiçado ótimos profissionais, com experiência de anos, mas que têm dificuldade, no cotidiano, de classificar as diferenças que se “reencontram e se complementam, contraditória e dialeticamente”.

Joffre Neto é diretor-executivo da Transparência Taubaté.
Mantenha-se informado: siga-me no www.twitter.com/joffreneto

Comentários

menino, q tortura é essa..me formo daqui 3 meses e ja to vendo tudo...
parabéns pelo post e pelo belo blog!!
elane

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