Ainda o caso da dita "primeira-dama"

COMBATE À ARTE DE MENTIR SORRINDO

Joffre Neto – joffreneto@gmail.com

Num movimento como o que vem se desenvolvendo em nossa cidade, desencadeado pelos esforços que a ONG Transparência Taubaté faz há dois anos, há muitos cuidados a tomar.

Obviamente que uma pessoa normal, dotada de senso de vergonha, quando pega em contradição, descontrola-se, poreja, ruboriza-se. Então, os militantes, pessoas normais, com senso ético, quando vão para os embates, ficam com esta expectativa: “ante as provas que vamos apresentar o malfeitor vai ficar desconcertado!”. Ledo engano.

Estes tipos, salvo se iniciantes, têm couraça psicológica. Mesmo nas maiores agruras, mantêm o tom de voz, não ficam vermelhos e, até, são capazes de sorrir. Lembro-me do caso emblemático da prisão de Maluf: mesmo saindo da cadeia ele sorria impassível para os jornalistas e fazia o sinal de vitória com as duas mãos! Parecia que acabara de ganhar uma eleição! Ou então, lembre-se do sorriso cândido de Bin Laden.

E aí, podem convencer os menos experientes: “Puxa, mas aquele advogado fala tão pausado, com calma. Ah, se fossem verdadeiras as denúncias ele não ia ficar assim não!”.

Como complemento da técnica de dissimulação, invertem a ordem das coisas: apresentam-se como defensores da moralidade pública, do progresso, da concórdia entre os povos, do amor às criancinhas, à defesa do meio-ambiente e do mico-leão-dourado, e que eles sim precisam denunciar “os maledicentes, que só querem aparecer na mídia, sem se preocupar em ajudar a cidade amada”. Que bonitinho. Os mais descarados, fazem beicinho e quase lacrimejam, tudo temperado com pitadas de “indignação cívica”!

Mas, como o lobo perde o pelo mas não perde o vício, quando chegamos mais perto sentimos em seus hálitos o odor do alimento que lhes é preferido.

Não sei porque, mas escrevendo estas mal-traçadas linhas, lembrei-me dos portas-desculpas-esfarrapadas da Prefeitura, que têm frequentado as rádios, televisões e jornais com cara e jeitos de Maluf, para tentar explicar o “Caso dos Ovos de Ouro do Meu (deles) Amo Peixoto”. Alguns deles já debateram comigo. O menos experiente na arte (de debater), o investigador Elói Barbosa, famosíssimo diretor de compras da Prefeitura, furou o script e pulou em mim. Ato falho. Foi abandonado até por seu chefe, e co-responsável por seus atos, o tal de Adair Loredo, mais ocupado em dobrar os paraquedas com que desceu na cidade.