O nosso papel no mundo e Olívia Byington



PORTUGAL – Frequentemente me pergunto o que, aparentemente, nos excluiu da história do mundo. Os meios de comunicação, tanto aqui quanto no Brasil, nos trazem um mundo que acontece no hemisfério norte, ou nas ex-colônias britânicas. A fronteira do conhecimento, da tecnologia, do desenvolvimento social, da política, da história da humanidade, enfim, parece que está sempre sendo alargada apenas nesses poucos países. Basta sintonizar os canais History, Discovery, ou National Geographic, para essa sensação se agravar.
É como se não existíssemos, como se não estivéssemos integrados nas raízes da família humana: não teríamos feito parte da pré-história, nem da antiguidade, nem dos grandes acontecimentos contemporâneos.
Mas toda criança, brasileira ou esquimó, sabe que não é assim. Intui que pertence a história deste planeta, que faz parte da comunidade de humanos, que crescerá e terá seu lugar na história humana, tanto quanto uma criança americana ou inglesa. Ao crescerem, a criança americana e a inglesa são confirmadas em sua percepção inicial. Já a brasileira, ao contrário. Esta semana, por exemplo, o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE (onde fui engenheiro), Gilberto Câmara, declarou, de boca cheia: "O programa espacial precisa ter o tamanho do Brasil. Não é um programa de demonstração tecnológica. Nunca vamos ser lançadores de astronauta, nem de estação espacial, nem de satélites para a Lua". Que fantástico este “nunca”. Que confissão de incompetência, de sensação de limitação, de fracasso antecipado. Fosse eu o Presidente da República, e o arrojado diretor estaria na rua no dia seguinte. O simbolismo de sua declaração esclarece a percepção que tem de sua própria missão, de como conduzirá a instituição que comanda.
Felizmente, outros brasileiros pensam, agem e se manifestam de forma diferente. Nesta semana assistimos a um show de Olívia Byington, no teatro de Aveiro. Não teve como não se arrepiar, de não sentir orgulho de ser brasileiro, ante a qualidade de sua apresentação, a graça de sua pessoa, e aos aplausos demorados e reverentes da platéia portuguesa. Ao longo de todo o show, ela transpirou cultura brasileira, desfiando a história da nossa música, desde Ary Barroso, Noel Rosa, Vinicius e Chico Buarque, remetendo a platéia, deliciada, para a Lapa dos anos 20, para o Rio de Janeiro, enfim, para um Brasil que encanta outros países, em especial Portugal, que, desmentindo Gilberto Câmara, não duvida que podemos e produzimos excelências como qualquer povo do mundo.

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