O orçamento de Taubaté para 2007 foi chutado, de novo

Uma das coisas que desafiam a razão é a pouca ou virtualmente nenhuma atenção que se dá aos orçamentos públicos entre nós.

A questão é óbvia. Qualquer política pública depende de duas coisas: decisão do governante em implantá-la e recursos, dinheiro, para tanto. Portanto, se existir uma relação dos gastos pretendidos, ou seja, o que o Prefeito - no caso dos municípios - pretende fazer ou não, essa lista deveria, evidentemente, chamar a atenção de toda a gente. Principalmente se a Constituição assegura que a decisão não pode ser só do Prefeito, mas deve sim ser tomada ouvindo-se o povo.
E que o Conselho de Representantes do povo, a Câmara Municipal, tem poder para alterar essa lista de coisas a fazer. Essa lista se chama orçamento municipal.

Recorde-se que o dinheiro que vai ser gasto é tirado do bolso de todos os cidadãos. Ou seja, o orçamento é uma decisão de como pretendem gastar o dinheiro da gente: meu, seu e todo mundo.

Revirando um pouco a questão da saúde pública municipal, em curso que ministrei na Faculdade Dehoniana, comecei,obviamente, pelo orçamento do Depto. de Saúde. É surrealista.
Inicialmente, o orçamento da Prefeitura foi estimado em R$ 317 milhões para 2007. Uau, que beleza! Mas, espera um pouco cara-pálida: o orçamento de 2006 foi de R$ 264 milhões, então tem-se um aumento redondinho, até nos centésimos (oh chute sem pudor), de 20%! Ou seja, o Brasil deve crescer no ano que vem 3,5%, se muito, e Taubaté crescerá 20%?

Voltando à saúde. Ouvi, de todo lado, reclamações pela falta de remédios e por instalações inadequadas. No pronto-atendimento da Gurilândia, por exemplo, numa sala de 16m2 amontoam-se, em observação, homens e mulheres, sem separação e sem sequer um ventilador, neste calor tropical.

Bem, dado que o Depto. de Saúde terá um orçamento de R$ 64 milhões no ano que vem, será moleza contemplar tudo, esses dois itens em primeiro lugar. Que fantasia! Nada disso, pelo contrário: o percentual com gastos com medicamentos caiu de 17% para 15% (embora tenha subido de R$ 8,3 mi para 9,3 mi). Já os investimentos (que contemplariam a melhora das instalações) despencaram de R$ 4,7 mi para R$ 1,4 mi. Em compensação o tal de SIM (?), que já consumiu R$ 1,3 milhão em 2006, para ser implantado, torrará mais R$ 900.000 em 2007, para manutenção!

Ah, mas estou tranquilo: o Prefeito não sabe o que assinou e a Câmara vai rejeitar essas asneiras encadernadas em 234 páginas do mais puro chute. Ou então ficamos todos com o nariz vermelho.

CONEXÃO EUROPA tem o apoio dos seguintes amigos: Jornal Matéria Prima; Da. Maria Conceição Prado; Feijões Tarumã; Prolim; ThyssenKrupp-Autômata; Arq. Carlos Armando Gallão Júnior; Taubaté Shopping; Milclean; Escritório de Advocacia Antonio Olivo e Ribeiro Bueno; Dr. Rubens Monteiro; Ortopedia Rita de Cássia e Assintel. Orkut: Joffre Neto

Comentários

Sannya Fernanda disse…
As questões que vc coloca são sérias e deveriam ser de conhecimento público geral. Mas será que não são? Posto que as pessoas frequentam hospitais e se beneficiam das políticas públicas? Na verdade quem dera fosse assim! Com uma população de pessoas com escolaridade mínima, preocupadas minimamente em resolver questões de sobrevivência, era essencial que dessem conta de questões diretamente ligadas a elas. Por que não são? Desinteresse? Descrédito com as decisões políticas e seus governantes? E quem se beneficia disso? Creio que em questões sociais, nada está dissociado e tudo está intimamente vinculado à educação.
Creio também com um meio de comunicação de massa com uma vertente crítica ao alcance da população poderia ser um meio de informar o cidadão de questões de seu interesse. Seu blog é uma alternativa e se posiciona de forma muito contudente. Esperamos que cidadãos participativos venham a mobilizar-se pelo menos em torno das discussões, para não alegar desconhecimento.

Gostei do post. Espero poder contribuir com alguma discussão.
Um abraço!
Sannya Fernanda

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