O QUE ESTÁ EM JOGO NO CONSELHO DE SAÚDE

Muito além do que possa parecer – uma mera e mesquinha disputa por cargos -, o controle do Conselho de Saúde é uma das áreas vitais para a administração Peixoto, que vem sendo acusada pelo Ministério Públicos dos mais diversos crimes.

Para os apetites já revelados nesses seis anos, a saúde é área das mais tentadora$ para os vampiros de sangue humano: o orçamento deste ano chega a R$ 105 milhões – muito dinheiro em qualquer lugar do mundo. São mais de um milhar de funcionários, com muitos cargos de livre-nomeação, ou seja, que podem ser largamente empregados nas troca de favores e outros desvios.

Pego de surpresa no ano passado com a minha eleição, Pedro Henrique, dito “secretário de saúde”, chamou ao seu gabinete três conselheiros que me apoiavam, e ameaçou intervir no Conselho se eu permanecesse lá. Dado que a ameaça não surtiu efeito, apelaram para a Justiça, tentando me derrubar. Levaram um rara lambada do Judiciário, que se negou a me afastar. Na sequência, Pedro Henrique não hesitou em lançar mão até de baixarias para boicotar meu mandato: cortou, por exemplo, o fornecimento de papel sulfite para a elaboração de ofícios – muitos dos quais para denunciar a ele e ao seu capo, Peixoto, o Honesto.

Em outras frentes de luta contra a incompetência e a irresponsabilidade criminosa, denunciei a sucursal do inferno que tem espaço no Pronto Socorro Municipal, em que falta do papel higiênico ao respeito humano. A resistência foi, obviamente, imensa, e precisei recorrer à polícia para entrar no local.

Mas não foi precisamente isso tudo que incomodou mais. Tem coisa mais sensível, para inescrupulosos (obviamente estão fora desse grupo Peixoto, o Honesto, e Pedro Henrique, o Correto) que mercadejam em cima da vida humana: dinheiro, muito dinheiro. Além da denúncia que fiz – já mencionada aqui – dos indícios de superfaturamento de R$ 5 milhões numa compra de R$ 7 milhões de medicamentos, haviam outros negócios milionários que estavam em risco com a mera presença de um presidente que não lambe botas, nem deita e rola ao estalar dos dedos do dono, nem é funcionário fantasma, nem nunca mamou nas tetas da corrupção.

Na semana que vem, farei uma breve abordagem sob a luz da ciência política e da ética pública de como alguns inocentes (nem tanto) úteis foram usados para elegerem presidente do Conselho de Saúde Pai Alessandro, da Associação dos Templos de Umbanda e Candomblé.

Joffre Neto é Conselheiro Municipal de Saúde.

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