PEIXOTO QUER SILENCIAR O CONSELHO DE SAÚDE


A convite de um grupo de Conselheiros ingressei-me no Conselho Municipal de Saúde e fui eleito presidente em janeiro do ano passado. O mandato é de um ano. No Conselho represento a Cáritas Diocesana, órgão da Diocese de Taubaté, da Igreja Católica.

Neste período não dei trégua à corrupção, ao autoritarismo e à incompetência. Com o apoio de muitos Conselheiros de valor, enfrentamos a pública, notória e perversa incapacidade administrativa de Peixoto e de Pedro Henrique Silveira, seu diretor de saúde. Na outra ponta, questionamos o Cel. Isnard, que, com olhos arregalados e gestos teatrais, está no comando do Hospital Universitário, em doloroso naufrágio.

Mereceram triste destaque as condições sub-humanas do Pronto Socorro Municipal, em que, entre outros desrespeitos, idosos, sem separação de sexo, eram colocados em cubículo com vazamento de esgoto, submetidos a procedimentos íntimos, à vista uns dos outros, com vergonha indizível. Perguntei-me, muitas vezes, com asco, se Peixoto e Pedro Henrique colocariam em tal antro seus pais e suas mães.

Enfrentei também a discussão do orçamento municipal de saúde, que hoje remonta a R$ 105 milhões anuais – muito dinheiro, em qualquer lugar do mundo. Inspecionamos os PAMOS, em precárias condições e denunciamos que Peixoto devolveu ao Estado R$ 300.000 que foram destinados à reforma de três deles. Relatamos ao Ministério da Saúde os desmandos locais e escancaramos aos auditores os malfeitos.

Antes mesmo de entrar no Conselho, enquanto diretor-executivo da Transparência Taubaté, denunciei ao Ministério Público que numa única compra de medicamentos, de R$ 7 milhões, havia indícios de superfaturamento de R$ 5 milhões. Frascos de soro fisiológico de R$ 0,83 foram adquiridos por R$ 3,89, por exemplo.

Haveria de ocorrer reação, mesmo no letárgico (des)governinho Peixoto. E houve. Ainda antes de eu tomar posse, Pedro Henrique chamou três conselheiros à sua sala e disse que não admitia a minha presença. Em seguida, entraram na Justiça tentando me destituir, e perderam.

Rearmaram-se. Por volta da minha candidatura à reeleição, Pedro Henrique, pessoalmente, e outros serviçais, com destaque para a triste figura de Jacir Cunha, procuraram os administradores do Hospital Regional, entidades ligadas à Prefeitura, o Cel. Isnard do HU, e funcionários, desde os mais humildes, até os cargos de chefia, e impuseram que “qualquer um, menos o Joffre Neto”. Por que será, não?

É conhecida a moral e a probidade desses senhores e sua competência em conduzir para certos objetivos os negócios públicos. Mas, mesmo essa experiência, temperada em 6 anos de vale-tudo, falhou: o candidato que escolheram para me enfrentar, é Alessandro Machado, o Pai Alessandro, Presidente da Associação dos Templos de Umbanda e Candomblé de Taubaté. Dizem que boa pessoa, mas nunca ouviu falar no orçamento da saúde e não faz idéia do papel do Conselho, pois afirmou que quer praticar lá o mais puro “assistencialismo”.

Foi eleito a força, mas sua eleição está sub judice, porque a lei veda expressamente que membros da Prefeitura ocupem a direção do Conselho, e Pai Alessadnro é mais um dos pendurados no funcionalismo municipal, que estão sob a mira do Ministério Público. Não se sabe onde, quando e o que ele faz na Prefeitura. Dizem alguns ser assessor prático de assuntos religiosos do Prefeito e de sua mulher. Ele próprio se apresenta como ocupante de “cargo de confiança” e representante da Secretária de Cultura.

Prosseguiremos. O bom combate não admite recuos e a população não merece tantas afrontas.

Joffre Neto é Conselheiro Municipal de Saúde.

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