ADEUS, PROF. PLÍNIO



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A morte ontem do Prof. Plínio foi impactante para todos nós formados na fé compromissada com a justiça social, que militamos nos movimentos de Igreja, e daí para os partidos políticos. É uma perda irreparável. Discordo da tolice atual, materialista, que diz que "ninguém é insubstituível". Pelo contrário, ninguém é substituível. Por exemplo, Plínio de Arruda Sampaio.

Era para mim referência de idealismo, competência, persistência, dignidade e coerência. Sua história servia-me de inspiração. Em patamares muito diferentes - pois ele estava lá em cima - trilhamos alguns caminhos semelhantes. Ele na JUC - Juventude Universitária Católica; eu, na Pastoral Universitária; eu e ele, vicentinos; a carreira política, a experiência no exterior; a experiência no Parlamento; a minha tentativa de contribuição para o pensamento político; a sua contribuição decisiva neste campo.

Nos encontramos várias vezes. Recordo-me de ter sido recebido nesta sala de sua casa em São Paulo, lá no já distante ano de 2002, para lhe apresentar minha tese sobre (a farsa dos) governos municipais.

Com extrema atenção e cortesia, ainda convalescendo de um outro câncer, recebeu-me por mais de uma hora e disse-me uma daquelas frases de grandes personalidades que conheci e coleciono, porque mudaram minha perspectiva: "A Igreja precisa conhecer sua tese. Fica-se, muitas vezes, centrada em enfrentar a questão política sob o aspecto moral, e se esquece do aspecto institucional, que é fundamental, porque condiciona e limita as opções morais."

Em outra oportunidade, no evento do Conselho Nacional de Leigos do Brasil, creio que em Itaici, surpreendi-me quando disse que moderava suas palavras na tribuna da Câmara Federal por ser um parlamentar cristão, em que a temperança e a doçura precisam estar sempre presente. Não deveria, mas soou como novo para nós que exercíamos o mandato dentro do PT em que éramos condicionados a uma postura ácida.

Por fim, ele tinha laços com nossa cidade de Taubaté. Sua família é originária daqui e com ele aprendi muito da nossa história não contada, dos bastidores da política na Republica Velha.

Que São Thomas Morus, nosso patrono, o receba de braços abertos, pois combateu o bom combate.

https://soundcloud.com/joffre-neto/adeus-prof-plinio-sampaio

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