Alemanha preocupada com a perda dos valores morais

O medo de ser tachado de moralista, fariseu, ou atrasado, normalmente inibe as pessoas tidas como instruídas de tocar em temas fundamentais: os costumes sociais e a formação religiosa. Mas, ultimamente, vê-se, cada vez com maior frequência, manifestações de líderes políticos referindo-se ao assunto. Desde o surpreendente “homem de esquerda do PFL”, Claudio Lembo (honra seja feita: ainda que tardiamente ele teve a dignidade de se manifestar), até aqui na Europa, como, por exemplo, a primeira-ministra alemã, Angela Merkel.

O governo Merkel está lançando uma ampla ofensiva na área educacional, chamada “Aliança para a Educação”, pois considera que o ensino público perdeu a capacidade de incutir nas novas gerações os “valores indispensáveis à vida pessoal e em comunidade”.
A iniciativa inclui a participação da Igreja Católica e da Igreja Evangélica. Conforme bem analisou o Bispo de Aveiro, “dificilmente se podem adquirir valores consistentes na educação à margem dos valores religiosos, e se estes, na Alemanha, são, predominantemente, os valores do cristianismo, serão essas as instituições – sem exclusão de outras - que melhor poderão colaborar num processo educativo com futuro.”
Essa questão anima-me a um breve retorno as minhas aulas de ética na Escola de Política e Cidadania de São José dos Campos. O homem distingue-se entre todos os seres vivos por ser o único dotado de liberdade. Maravilha e tormento simultâneos. Sem o freio dos instintos, que condicionam e delimitam a ação dos animais, precisa a cada momento decidir, nunca com segurança absoluta, e muitas vezes dolorosamente, entre o que é certo e o que é errado, respondendo a uma voz interior (daí a palavra responsabilidade), inata, comum à todos, que lhe mostra o bem a fazer e o mal a rejeitar.

Ora, usando uma linguagem de engenheiro, as inúmeras situações de tentativa e erro, ao longo da história humana, indicaram modos mais ou menos seguros de comportamento. Seguros no sentido de preservação da vida pessoal e da comunidade. De início, fica evidente que a liberdade para matar outrem implica na liberdade do outro matar-me também. Surge, assim, a primeira e mais fundamental regra de costumes: não matar. Ou regra moral, pois moral vem de mores, costumes, em latim.

Por esse ângulo, pode-se agora compreender a moral, ou a ética (quando se trata das questões relacionadas com a sociedade em geral), não como um conjunto de regras impositivas, arbitrárias, tirânicas, mas sim como uma rede de segurança para se viver em sociedade. Ou seja, ao invés de tolher a liberdade, permite vivê-la. Se todos se abstiverem de roubar, aumenta-se a liberdade de todos: pode-se dormir de portas abertas. Se o político evitar a corrupção, preserva-se a si mesmo, pois construirá um país melhor.
Fica evidente, então, que a regra de “levar vantagem em tudo”, do comercial do Vila Rica, ou das “traves móveis” da Skol, é absolutamente imoral, pois implica em altíssimo risco para todos: de ser enganado por todo mundo.

Dolorosamente, quando rimos e aprovamos as atitudes mostradas em propagandas assim ou, ainda, quando os bandidos viram heróis na mídia, ou quando se se entusiasma com os esquadrões da morte, estamos rindo de nós mesmos e preparando um futuro trágico, porque estamos construindo um sociedade sem valores, que não irá a lugar nenhum. A Alemanha já está tomando providências.

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Comentários

Anônimo disse…
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
Stella disse…
Muito bom, parabéns!

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