Efeito Filipão

PORTUGAL - Algumas coisas são universais. O salão de barbeiro, por exemplo. Acabo de vir de um e adivinha do que falávamos? Do “mundial” de futebol, naturalmente. Para variar, eu, ruim de análise das táticas e estratégias futebolísticas (prometi a mim mesmo procurar uns bons textos sobre o assunto na internet – vou virar “espectador participativo”, me aguardem), passei a comentar os modos e costumes - também para variar.

O barbeiro falava entusiasmado do que o Filipão trouxe para eles no Euro 2004: o costume de colocar bandeiras portuguesas nas janelas. Numa tirada filosófica, me contou: “Não tínhamos isso. Antes, o que a gente sentia ficava guardado, para dentro, ninguém sabia. Agora, graças ao Filipão, a gente pode expressare o que sente, o senhor está a me entendere?” E falou do que também vem me surpreendendo: a imensa quantidade de bandeiras brasileiras junto das bandeiras portuguesas. Não há, literalmente, um quarteirão em que as nossas bandeiras não estejam em par com o pavilhão luso.

Para garantir um olhar “científico”, rodei quilômetros de carro e só vi mais duas bandeiras estrangeiras: uma australiana e outra que não consegui identificar, e ainda assim, só apareceram muito depois da exposição em massa das nossas.

No entanto, há uma coisa em que falta muito para eles aprenderem: comemorar. Sábado passado, no jogo de Portugal x “Irão”, ao primeiro gol do time português, esperei, por hábito, pelos pulos sacudindo o prédio, os berros nas sacadas, o agitar das bandeiras e... nada. O meu vizinho, pronunciou um pequenino “golo!”, curto, contido, mais baixo até do que quando ele conversa-briga com a mulher (aqui sempre me parece que estão brigando). Ah, que falta fazem os foquetes, as cornetas, os apitos, as bandeiras! No centro da cidade, até que houve comemoração, mas muito aquém das nossas. Foquetes? Só com ordem dos bombeiros, imagine.

Grande parte dos alunos brasileiros de pós-graduação assistem os jogos do Brasil num bar português que virou território canarinho. E aí a coisa pega: é tanta algazarra antes, no momento, e após os “golos”, que a vizinhança já chamou a polícia duas vezes. Disfarça-se um pouco e, “de seguida”, volta-se à carga! Não adianta resistir: o nosso embalo contagia a tal ponto que sempre se juntam a nós estudantes búlgaros, franceses e muitos portugueses, todos certos que já sabem sambar, se esforçando, eufóricos, ao som de Ivete Sangalo e de Adoniran Barbosa.

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